
Em visita à base militar de Fort Campbell, no Estado do Kentucky (leste do país), Obama manteve encontros privados com integrantes das forças de elite americanas que invadiram o esconderijo de Bin Laden no Paquistão, no último domingo, e mataram o líder da Al-Qaeda.
Acompanhado do vice-presidente, Joe Biden, Obama agradeceu aos integrantes das forças por seus serviços “heróicos” e condecorou as unidades envolvidas na ação com uma Citação Presidencial.
Essa honraria é a mais alta destinada a unidades militares e, segundo a Casa Branca, foi entregue em reconhecimento ao “extraordinário serviço e façanha” desempenhados por essas forças de elite.
A operação no Paquistão foi protagonizada pelas forças especiais conhecidas como Navy Seals (sigla para Sea, Air and Land, ou Mar, Ar e Terra), especializadas em ações de contraterrorismo.
Essas forças especiais foram transportadas até a mansão em que Bin Laden vivia escondido – na cidade de Abbottabad, a cerca de 100 km da capital, Islamabad – por integrantes do 160º Regimento de Aviação de Operações Especiais, que tem sede em Fort Campbell.
Após os encontros privados, Obama falou a tropas que recentemente voltaram do Afeganistão e disse que a missão que matou Bin Laden foi “um serviço bem feito”.
“Graças à destreza e à coragem inacreditáveis de inúmeros indivíduos, (agentes de) inteligência e militares ao longo de muitos anos, o líder terrorista que atacou nossa nação no 11 de Setembro nunca mais irá ameaçar a América”, disse Obama às tropas.
Al-Qaeda
Nesta sexta-feira, um comunicado atribuído à Al-Qaeda e divulgado na internet confirma a morte de Bin Laden.
Obama vem sofrendo críticas por ter decidido não divulgar fotos que comprovem a morte do líder da Al-Qaeda. A decisão, segundo o presidente, busca evitar “riscos à segurança nacional” e o uso das imagens como ferramenta de propaganda e incitação a mais violência.
Segundo o governo americano, Bin Laden foi morto com um tiro na cabeça e seu corpo foi jogado ao mar menos de 24 horas depois da morte, em um funeral ministrado pelas forças americanas de acordo com os ritos religiosos islâmicos. A Casa Branca diz que testes de DNA confirmaram sua identidade.
No comunicado divulgado na internet, a Al-Qaeda diz que o sangue de Bin Laden não será desperdiçado e que continuará atacando alvos dos Estados Unidos e de seus aliados.
“A sua felicidade se tornará tristeza, e o seu sangue se misturará às suas lágrimas. Nós convocamos o nosso povo muçulmano no Paquistão, em cuja terra o xeque Osama foi morto, a se levantar e se revoltar”, diz o texto, cuja autenticidade não pode ser comprovada de forma independente.
Segundo a imprensa americana, documentos e material recolhido do esconderijo de Bin Laden – incluindo computadores, DVDs e arquivos de memória – indicam que a Al-Qaeda planejava novos atentados em solo americano. Um dos planos seria descarrilar um trem para que caísse de uma ponte ou desfiladeiro.
Segundo o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, os EUA estão “cientes” e “muito vigilantes” do perigo de ataques.
Nova York
O encontro de Obama com as forças que participaram da ação contra Bin Laden ocorre um dia depois de o presidente ter visitado Nova York para homenagear as vítimas dos atentados de 11 de setembro de 2001, dos quais o líder da Al-Qaeda era considerado o principal mentor.
Na quinta-feira, Obama depositou uma coroa de flores no memorial que está sendo construído no Marco Zero, local dos ataques contra as torres gêmeas do World Trade Center, e manteve um encontro privado com alguns dos familiares das vítimas.
O presidente decidiu não fazer um discurso público em Nova York, no que tem sido encarado como uma tentativa da Casa Branca de evitar críticas de estaria “politizando” a visita e a morte de Bin Laden.
A decisão foi tomada em um momento que diferentes pesquisas de opinião feitas nesta semana, após Obama ter anunciado a morte de Bin Laden, mostram aumento nos índices de aprovação do presidente.
Antes da cerimônia em Nova York, porém, Obama falou informalmente a policiais e bombeiros que participaram dos esforços de socorro logo após os ataques.
Ele agradeceu o “extraordinário sacrifício que foi feito naquele dia terrível, quase dez anos atrás” e disse que os Estados Unidos mantiveram a palavra de levar os culpados pelos atentados à Justiça, independentemente de governos ou partidos políticos.
Contradições
Além dos ataques de 11 de Setembro, Bin Laden era acusado de ser o mentor de diversos outros atentados contra alvos americanos e ocidentais e ocupava o primeiro lugar na lista dos mais procurados pelos Estados Unidos.
Nos últimos dias, versões contraditórias divulgadas pela Casa Branca sobre os detalhes da operação que levou à morte de Bin Laden, e o fato de o líder da Al-Qaeda não estar armado no momento de sua morte, levantaram um debate sobre a legalidade da ação.
A alta comissária de direitos humanos da ONU, Navi Pillay, pediu ao governo americano “a divulgação completa dos fatos precisos” sobre a morte do líder da Al-Qaeda, para estabelecer a legalidade da operação.